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'É pouco provável que a guerra volte', diz historiador sobre conflito entre Israel e Hamas

O acordo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que levou ao cessar-fogo deve levar ao fim da guerra e é "pouco provável" que o conflito recomece. Esta é a...

'É pouco provável que a guerra volte', diz historiador sobre conflito entre Israel e Hamas
'É pouco provável que a guerra volte', diz historiador sobre conflito entre Israel e Hamas (Foto: Reprodução)

O acordo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que levou ao cessar-fogo deve levar ao fim da guerra e é "pouco provável" que o conflito recomece. Esta é a avaliação do historiador João Miragaya em conversa com Natuza Nery no podcast O Assunto da sexta-feira (10). OUÇA NO PLAYER ACIMA. "Temos todos os indicativos para ser otimista em muito tempo", diz Miragaya, que é Mestre em História pela Universidade de Tel Aviv e assessor do Instituto Brasil-Israel. Ele explica que as condições do acordo aceitas pelo grupo terrorista Hamas indicam que, neste momento e à esteira do cessar-fogo, a guerra está perto do fim. "O Hamas jamais teria aberto mão da sua principal carta, caso eles não tivessem recebido garantias claras de que Israel não vai voltar a atacar a Faixa de Gaza", diz, ao citar que a "principal arma" que o grupo terrorista tinha nas mãos eram os israelenses sequestrados desde outubro de 2023. "Diversas fontes confirmaram que os Estados Unidos e o Catar deram garantias claras ao Hamas de que Israel não voltará a atacar Gaza na esteira desse cessar-fogo", afirma Miragaya. "A gente pode ter bastante confiança que, desta vez, é muito pouco provável que a guerra volte. Segundo ele, os Estados Unidos também tem razões para não respaldar novos ataques a Gaza. "Nesse caso, seria trair a confiança dos seus aliados no mundo árabe-islâmico, como o Catar, como a Turquia, como o Egito. Países que exigiram dos Estados Unidos essas garantias. E o governo Trump deu", explica. "De fato dessa vez a gente pode ficar confiante que o acordo vai sair e essa guerra vai terminar." ENTENDA: Analistas apontam estopim para Trump colocar 'freio' em Netanyahu Cessar-fogo Um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza está em vigor desde as 6h no horário de Brasília da sexta-feira (10), anunciou o Exército israelense. A trégua ocorre horas após o governo de Israel ter ratificado um acordo de paz assinado com o grupo terrorista Hamas. Ao mesmo tempo, milhares de palestinos deslocados pelo conflito começaram a andar rumo suas casas, que precisaram ser abandonadas por conta do avanço das tropas israelenses. Vídeos de agências de notícias internacionais registraram uma coluna de pessoas andando em uma estrada costeira mais cedo nesta sexta. A agência de notícias Reuters registrou colunas de fumaça no céu de Gaza após o início do cessar-fogo —o governo israelense não se manifestou sobre o assunto até a última atualização desta reportagem. O Exército disse em comunicado que "continuarão eliminando qualquer ameaça imediata", sem dar mais detalhes do que isso quer dizer. Como previsto, as tropas israelenses recuaram dentro de Gaza para uma linha estabelecida no acordo, e agora ocupam cerca de 53% do território palestino, ante os 75% pré-cessar-fogo. Um porta-voz do Exército de Israel pediu para que palestinos evitem entrar essas áreas ainda sob seu domínio para "garantir o cumprimento do acordo e a segurança de todos". O governo de Israel ratificou na noite de quinta-feira o acordo assinado com o Hamas para um cessar-fogo e a devolução dos reféns em poder do grupo terrorista. O cessar-fogo estava previsto para entrar em vigor em até 24 horas após essa aprovação por Israel, segundo o gabinete do premiê israelense, Benjamin Netanyahu. O acordo para o fim da guerra em Gaza, proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê a libertação dos 48 reféns israelenses mantidos pelo Hamas em um prazo de 72 horas após o início do cessar-fogo. O tempo para a libertação começou a contar a partir do início do cessar-fogo, segundo Netanyahu. (Leia mais sobre os termos do acordo abaixo) O acordo de paz entre Israel e Hamas Pontos do acordo O plano de paz foi apresentado no fim de setembro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. Veja alguns pontos a seguir. 🟢 Reféns: Segundo Israel, o Hamas ainda mantém 48 dos 251 sequestrados no ataque terrorista em 2023. As demais vítimas foram libertas durante a vigência de outros dois acordos de cessar-fogo ou por meio de operações militares israelenses. A proposta apresentada pelos Estados Unidos prevê que o Hamas terá até 72 horas para libertar todos os reféns, vivos ou mortos. Israel estima que, dos 48 reféns, apenas 20 estejam vivos. Por outro lado, a imprensa americana informou que o grupo terrorista pediu mais tempo para devolver os corpos das vítimas que morreram. O Hamas alega que não sabe onde estão todos os corpos dos reféns mortos e que precisa realizar buscas para localizar os desaparecidos. Em troca, a expectativa é que Israel liberte quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua. 💥 Ataques em Gaza: O plano prevê o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza. Segundo Trump, as Forças de Defesa de Israel irão recuar para linhas acordadas com o Hamas, o que indica que tropas ainda permanecerão no território palestino. A GloboNews apurou junto às Forças de Defesa de Israel que o país concordou em diminuir a área de ocupação em Gaza de 75% para 57% em um primeiro momento. O plano divulgado pela Casa Branca no fim de setembro já previa uma retirada gradual das tropas do território palestino. O chefe do Estado-Maior de Israel instruiu as tropas a se prepararem para todos os cenários e para a operação de retorno dos reféns. Antes mesmo do acordo, Trump já havia pedido que Israel reduzisse as operações em Gaza. A mídia israelense informou que os militares receberam ordens para diminuir a ofensiva. 🤝 Início do cessar-fogo: Ainda não está claro quando o acordo de paz começará a valer oficialmente. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a proposta será votada pelo governo na quinta-feira. A votação interna do acordo é um procedimento formal do governo israelense. Processos semelhantes ocorreram nos outros dois acordos de cessar-fogo firmados em novembro de 2023 e janeiro de 2025. Segundo a AFP, o acordo deve ser formalmente assinado às 6h desta quinta-feira, pelo horário de Brasília. Trump deve viajar para Israel nos próximos dias. O presidente dos EUA foi convidado para discursar no Parlamento do país. Na quarta-feira, ele disse a jornalistas que considera visitar a Faixa de Gaza. 🔎 O que falta esclarecer: Apesar do anúncio, vários detalhes do tratado ainda não foram divulgados. Não se sabe, por exemplo, se todo o plano apresentado pela Casa Branca foi aceito por Israel e pelo Hamas, ou se houve modificações. Em uma rede social, Trump afirmou que esta é a "primeira fase" e os "primeiros passos" para a paz. A imprensa americana afirma que isso sugere que ainda há pontos do plano que precisarão ser discutidos para sua implementação. Já a imprensa israelense informou que os pontos mais sensíveis do acordo foram resolvidos. Também não está claro como será a transição de governo na Faixa de Gaza, proposta pela Casa Branca. Além disso, não há confirmação de que o Hamas tenha se comprometido a entregar suas armas. Crianças palestinas comemoram em frente a hospital no centro da Faixa de Gaza REUTERS/Dawoud Abu Alkas